sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PORQUE A MÚSICA DISCO É TÃO IDENTIFICADA CONOSCO GAYS?..

Sempre que toca música DISCO (Sabe aquela dos anos 70, dancin' days). Então, sempre me perguntei porquê diabos ela sempre é identificada conosco.
Pesquisei e conversei com amigos mais velhos, muitos que viveram naqueles anos insanos que foram os anos 70.
É muito simples a Disco Music surgiu nos EUA no inicio dos anos 70, por volta de 1973/1974 e com ela trouxe um novo jeito das pessoas se comunicarem e interagirem, as DISCOTECAS. Até essa época tirando os grandes shows e festivais surgidos nos anos 50 e consagrados nos 60, as pessoas se relacionavam a música de maneira diferente. Bem diferente de hoje, que vamos à uma boate e dançamos horrores, ou seguimos trios elétricos por ai ou gritamos horrores em shows, até a década de 1940 haviam dois tipos de música a erudita e popular, até ai sem novidades. No entanto a diferença entre as duas era mosntruosa, o clássico, não mudou muito, ainda o público vai e aplaude rigorosamente nos teatros, mas a música popular era então vista com maus olhos, isso tanto no Brasil como no exterior.
Por exemplo nosso samba demorou a pegar apenas na década de 30 passou a ser aceito e mesmo assim com desconfiança, os ritmos cubanos como a rumba e conga eram vistas como indecentes, até do engomadinho tango tinha-se desconfiança.
Quando falo em descofiança falo das elites e classes médias, pois o povão sempre se jogou de cabeça e alma na música.
Até os anos 40 ir dançar é coisa de mulher e mesmo assim sempre acompanhada, jamais só, homem dançar sózinho, nem pensar podiam achar que era transviado (termo antigo para designar homem homossexual).
Então veio o twist e logo depois o Rock nos EUA e com ele os shows e bailes, os jovens passavam a dançar, mesmo assim ainda acompanhados, até que chegou a década máxima, 1960 e todas as transgressões culturais possiveis.
Veio a cultura hippie, o rock psicodélico, tudo isso lá fora, por aqui ditadura pesada e sobre ela a fase mais genial das nossas artes (música, artes plásticas, dança, teatro, cinema), surgiam por aqui os grandes festivais, Jovem Guarda, Tropicália, Cinema Novo e AI5 que tentou calar tudo isso.
Bem após toda mudança de comportamento causada pelas duas décadas anteriores (50 e 60), a década de 1970 veio pra abalar e consolidar tudo aquilo.
Você está se perguntanto, putz onde ele quer chegar???
Durante toda a década de 1960 o movimento gay foi tomando corpo nos EUA e na Europa capitalista, até que aconteceu a Batalha de Stonewall em Nova York no ano de 1969, pois bem, esse era o último ano de uma década transgressora e o que aconteceu com os gays no EUA motivaram outros homossexuais pelo mundo, mas de maneira mais lenta, como por lá também não se iludam que tudo foi brilho, mas com a criação da música disco que é uma continuação do R&B com o funk, enfim com estouro da música negra por conta Motown, culminou na disco e suas discotecas, espaços livres em que as pessoas pagavam a entrada como num cinema ou teatro e podiam dançar ao som de uma nova figura o Deejay (DJ), um cara que comandava os toca discos (pick ups).
O que era apenas mais um local para dançar em pouco tempo passou a ditar um novo comportamento entre as pessoas e rapidamente se espalhou mundo afora, até por aqui em pleno anos de chumbo as discotecas teriam seu brilho.
Agora sem se preocupar as pessoas dançavam sozinhas e quanto melhor a performance melhor. E o que isso tudo tem a ver com os gays?
Pela primeira vez nós nos misturavamos no meio e nos acabavámos na pista, e muito além disso, com a mudança de comportamento a moda se tornou unissex, sendo assim a relação entre o masculino e feminino deixou de ser tão absurda.
A década de 70 trouxe a androgênia com ela e as primeiras boates gays ainda discretas, mas sem tanto "pano" pra esconder. Pra todos os efeitos eram discotecas, além disso a década marcou pra sempre o nome GAY que inglês quer dizer ALEGRE.
No caso do Brasil esta foi uma década de começo no escuro, enquanto nos EUA e Europa os gays saiam as ruas, criavam grandes boates, aconteciam na cena das discotecas, aqui tudo ainda engatinhava...

...errado, o movimento gay por aqui sim tomou caminhos diferentes, por vivermos uma situação diferente, um triste ditadura militar que nos impedia de tudo, tinhamos outras prioridades, entre elas tornar o páis democratico, sem contar o fato de que não existia de fato um movimento gay no Brasil, eram mais grupos unidos e homossexuais que se assumiam ou desafiavam a cultura.
O Brasil não passou em branco, nesta surgiram os Dzi Croquettes que revolucionaram com sua androgênia e quase que simultâneo os Secos e Molhados surgiam com as performances de Ney Matogrosso, e durante toda a década o Brasil foi sendo desafiado.
Outro grande fator eram as letras da disco, músicas alegres, libertarias ou você acha que cantar "Its Raining man, alelui" era algo banal?
O surgimento de grupos como os Village People que faziam gozação com simbolos de virilidade como o operário, policial, cowboy e outros era brincadeiras, isso fez na época os gays se identificarem e foi mudando o comportamento no geral.
Passada à era disco já nos anos 80 e depois, e estilo passou a ser identificado aos gays, devido à toda essa euforia e empatia do público gay com a música disco.
Na década de 1970 Nova York e São Francisco concentram as principais discotecas do mundo e são o centro dos movimentos gays dos EUA, alías foi nessa década que surgiu nosso símbolo maior a bandeira de 6 cores, fosse no bairro Cortez em São Francisco ou no Village em NY, o movimento gay agia e como hino I Will Survive (Eu sobreviverei) de Gloria Gaynor, foi a década que mais divas produziu para os gays, de lá para cá só mudou de Diana Ross para Cher depois para Madonna e por fim Lady Gaga.
Na década de 1970 uma figura ímpar no meio gay se consagra, as drag queens, antes chamadas de transformistas e confinadas em guetos, elas ganham maior espaço.
Todo esse processo que vai da música disco e consequentemente as discotecas, fez com que a música Disco seja até hoje assimilada ao público gay.
Alías na década seguinte (80) tirando Dominó, Menudo (maioria gay) e o Michael Jackson, os homens pararam de dançar, só voltariam a arriscar um passinho nos anos 90 com a música dance e depois com o eletrônico, mesmo assim sem o mesmo rebolado das discotecas.
Só nós gays continuamos firmes nas pistas até hoje e quem diria, nossas baladas hoje são símbolo de alegria e dança, algo semelhante à discotecas.
Espero ter esclarecido um pouco a esclarecer.

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