Transexual e travesti são sinônimos de prostituta?

O grupo Estruturação vai protocolar um ofício para uma audiência com o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para discutir identidade de gênero e o preconceito que a classificação causa aos transexuais e travestis.

A ONG está questionando o Ministério por colocar na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) as transexuais e travestis como sinônimo de profissionais do sexo.

Modificada pela última vez em 2002, a CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. De acordo com o site do Ministério do Trabalho a classificação de número 5198 corresponde aos ‘Profissionais do Sexo’ e diz o seguinte:

“5198 - 05 Profissional do sexo - Garota de programa, Garoto de programa, Meretriz, Messalina, Michê, Mulher da vida, Prostituta, Puta, Quenga, Rapariga, Trabalhador do sexo, Transexual (profissionais do sexo), Travesti (profissionais do sexo)”

Esta definição é preconceituosa e pode levar a um julgamento infundado em relação aos transexuais e travestis, já que muitas trans não trabalham como profissionais do sexo.

De acordo com Andrea Stefanie, coordenadora do Núcleo de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estruturação, o Ministério do Trabalho sequer buscou informações junto às trans se essa definição seria equivocada.

“Com essa classificação parece que ser transexual ou travesti é um pré-requisito para ser profissional do sexo. Isso causa preconceito e estigmatiza as trans. O Ministério do Trabalho é um órgão oficial, quem vai desacreditar dele?”, questiona.

Andrea ainda afirma que essa classificação pode causar transtornos às trans que já trabalham ou pretendem ingressar em outras áreas de atuação. “Sou transexual, estudante de direito e trabalho na área, isso não quer dizer que necessariamente todas as trans sejam profissionais do sexo.

Tenho uma amiga que é transexual e é chefe de seção em um ministério. Essa classificação é incorreta”, afirma.